Desde 2016, a taxa Selic, principal instrumento de política monetária do Brasil, passou por variações significativas, influenciando diretamente os investimentos em renda fixa e a atratividade da poupança. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano, retornando ao patamar observado nove anos atrás, o que tem impactos relevantes para investidores e poupadores.
Em 2016, o Banco Central iniciou um ciclo de cortes na Selic, reduzindo a taxa de 14,25% ao ano para 2% ao ano em agosto de 2020, o menor nível da história. Esse movimento foi impulsionado por um contexto de inflação controlada e necessidade de estímulo econômico. Mas aí, veio um grande efeito colateral pandemia de COVID-19, a crise econômica. A partir de 2021, a inflação voltou a subir, pressionada pela alta das commodities, desvalorização cambial e estímulos monetários adotados globalmente. Como resposta, o Banco Central promoveu um dos ciclos de aperto monetário mais intensos da história recente, elevando a Selic de 2% para 13,75% ao ano entre março de 2021 e agosto de 2022.
Esse patamar foi mantido até agosto de 2023, quando se iniciou um novo ciclo de cortes, reduzindo a taxa gradualmente até 10,75% ao ano em março de 2024. No entanto, novas pressões inflacionárias e fatores econômicos adversos levaram o Banco Central a retomar a alta dos juros, trazendo novamente a Selic para 14,25% ao ano, em decisão do Comitê de Política Monetária de ontem, quarta-feira (19).
A Selic é a referência para diversos investimentos de renda fixa, como títulos públicos, CDBs e fundos DI. Com a taxa em 14,25% ao ano, esses ativos tornam-se altamente atrativos, pois oferecem retornos elevados com baixo risco. Os títulos do Tesouro Selic, por exemplo, acompanham diretamente a variação da taxa básica, proporcionando um rendimento seguro e competitivo. Já os CDBs e LCIs de bancos médios podem oferecer prêmios acima do CDI, o que se traduz em ganhos ainda mais interessantes para o investidor conservador. No entanto, esse cenário também encarece o crédito e pode desacelerar a atividade econômica, impactando outros segmentos do mercado financeiro.
No caso da poupança, sua remuneração é diretamente influenciada pela Selic. Quando a taxa básica está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês, equivalente a 6,17% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR). Embora isso represente uma melhora em relação a períodos de juros baixos, o rendimento ainda é inferior ao de outras opções de renda fixa. Considerando que investimentos como CDBs, LCIs e fundos DI podem superar facilmente a rentabilidade da poupança, a tendência é que os investidores busquem alternativas mais lucrativas, desde que aceitem pagar o Imposto de Renda sobre os ganhos.
O retorno da Selic ao patamar de 14,25% ao ano reflete os desafios da política monetária brasileira e a necessidade de manter a inflação sob controle. Para os investidores, esse ambiente cria oportunidades interessantes na renda fixa, proporcionando retornos expressivos e seguros. No entanto, para a economia como um todo, juros elevados também representam um custo maior do crédito e podem frear o crescimento. Assim, é fundamental que cada investidor avalie suas opções considerando fatores como liquidez, risco e objetivos financeiros, garantindo que sua estratégia esteja alinhada com o cenário econômico atual.